fbpx

Fertilizantes orgânicos não é só esterco: conheça os tipos e veja como usar

Descartes
26 de outubro de 2015
Dicas de Orta
28 de outubro de 2015

Quer que suas plantas cresçam e fiquem vistosas? Nutra o solo. Alternativa barata e sustentável, os fertilizantes orgânicos, obtidos a partir de matérias-primas de origem vegetal ou animal, podem trazer nutrientes importantes (nitrogênio, fósforo, enxofre, micronutrientes) para as plantinhas, mas o maior benefício por eles proporcionado é tornar o solo mais agregado, com maiores fluxos de infiltração e drenagem de água, além de melhorar a aeração e a capacidade de armazenamento de insumos. Há, também, um aumento na diversidade de microrganismos capazes de transformar a matéria orgânica em substâncias mais simples, assimiláveis pelos vegetais.

Quem tem jardim em casa pode preparar seu próprio fertilizante, mas é importante saber a qual planta o composto se destina e ter alguma informação sobre o tipo de solo disponível no quintal ou na floreira. Não é porque o fertilizante é natural, que pode ser utilizado indiscriminadamente: as quantidades precisam ser reguladas, pois apesar de orgânicos, em dosagens erradas são capazes de intoxicar flora e substrato.
Tipos de fertilizantes orgânicos:
adubo

Fertilizantes orgânicos simples

São os adubos de origem animal ou vegetal. Exemplos: estercos animais (como o de gado); torta ou farelo de mamona (bagaço da semente da mamona); borra de café misturada com material palhoso; torta de algodão; cinzas.

adubo

Fertilizantes orgânicos mistos

Resultam da mistura de dois ou mais fertilizantes orgânicos simples. Exemplo: cinzas (fonte de potássio (K)) + torta de mamona (fonte de nitrogênio (N)).

adubo

Fertilizantes orgânicos compostos

São fertilizante não-naturais, ou seja, obtidos por um processo químico, físico, físico-químico ou bioquímico, sempre a partir de matéria-prima orgânica (vegetal/ animal). Podem ser enriquecidos com nutrientes minerais. Exemplos: composto orgânico (com base em sobras de comida, por exemplo); vermicomposto (húmus de minhoca); farinha de ossos; farinha de casco e chifres.

adubo

Fertilizantes organominerais

São o produto da mistura de fertilizantes orgânicos (simples ou compostos) com adubos minerais. No caso específico da agricultura orgânica, estes fertilizantes minerais a serem misturados devem ser naturais (não processados quimicamente, como: termofosfatos, sulfato de potássio, sulfato duplo de potássio, magnésio de origem natural, sulfato de magnésio e micronutrientes) e de baixa solubilidade.

Compostagem
O hábito de utilizar sobras de comida no preparo de fertilizantes orgânicos é uma excelente medida contra o desperdício e a produção de lixo, especialmente nas grandes cidades. A compostagem é uma técnica simples que transforma sobras de materiais vegetais, pela adição de estercos de qualquer origem, em compostos ricos em nutrientes. O adubo, porém, é o efetivo resultado da ação de organismos, desde aqueles que podem ser vistos a olho nu (aranhas, formigas, minhocas, besouros, centopeias) até microrganismos, sobre os restos de alimento ou culturas, palhadas, capins, folhas e vários outros resíduos de origem vegetal, além de estrume. Assim, o que condiciona o solo é o húmus resultante da decomposição.
Hoje em dia existem caixas de compostagem domésticas (inclusive para apartamentos) à venda em “gardens centers”, principalmente para o preparo de vermicompostos de minhoca. É fácil identificar quando o composto está pronto para ser utilizado: não é possível mais identificar as partes da mistura; o material não apresenta mau cheiro (quando o cheiro persiste, normalmente é por conta do excesso de água) e tem uma coloração marrom escura.
Porém, se a opção for pela obtenção de um fertilizante que resulte da mistura de cinzas e material palhoso, é importante assegurar o uso de cinzas provenientes de madeiras não tratadas, principalmente eucalipto, e nunca de cinzas decorrentes da queima de lixo doméstico ou de restos de churrasco, que contém muito sal.
Uso conjunto
Os fertilizantes orgânicos precisam ser mineralizados para serem absorvidos e isso leva tempo, portanto, os produtos de origem vegetal e/ou animal desempenham muito mais a função de condicionadores do solo do que efetivamente de “nutridores” das plantinhas. Nesse quesito os insumos minerais levam grande vantagem em relação aos orgânicos, por já apresentarem elevadas concentrações de nutrientes assimiláveis.
Para se ter uma ideia, é necessário o emprego de cerca de 10 l/m² de compostos orgânicos para que a planta absorva a mesma quantidade de nutrientes fornecidos por 100 g/m² de adubo químico (mineral). No entanto, do ponto de vista biológico, minerais em excesso podem salinizar o solo e deixá-lo impróprio para o cultivo. O ideal, portanto, seria o uso misto dos dois tipos de fertilizantes em dosagens equilibradas e periódicas, pois o orgânico condiciona o substrato e o mineral fornece os nutrientes necessários aos vegetais.
Fitoteste
Para saber quais quantidades de fertilizantes são necessárias, é possível fazer um teste caseiro que garante maior controle de dosagens: o chamado fitoteste. Para aplica-lo são necessários cinco recipientes iguais (em volume e dimensões): o primeiro deve ser preenchido com 100% de solo do cultivo; no quinto o preenchimento é feito com 100% do composto (adubo), o terceiro leva 50% de solo e 50% de composto, enquanto o segundo precisa receber 75% de solo e 25% do composto e o quarto, o contrário. Em cada um, plante uma semente de tomate (cultivo fácil) previamente lavada e seca. A amostra que produzir a planta mais sadia vai revelar as quantidades mais apropriadas de composto e terra para aquela situação.
Fontes: Daniel Basilio Zandonadi, engenheiro agrônomo Embrapa Hortaliças; Mario Luiz Cavallari Junior, engenheiro agrônomo; e Sebastião Wilson Tivelli, engenheiro agrônomo e pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).